quarta-feira, 17 de junho de 2020

A cor vermelha e seu simbolismo em determinados momentos da história

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A cor vermelha até os dias de hoje é uma cor um tanto polêmica devido aos seus diversos significados. Entre seus vários sentidos, a cor vermelha pode significar o amor, mas também o desejo, a sedução e o pecado. Seu nome vem da palavra latina que significa “pequeno verme”. Essa cor surge ainda no período pré-histórico, quando os considerados homens das cavernas extraiam pigmento do ocre e do dióxido de ferro para pintar suas artes nas paredes das cavernas.

No Egito antigo o ocre era considerado a cor da vitória, da vida e da saúde, por isso durante celebrações os egípcios coloriam-se de vermelho, já as mulheres utilizavam o vermelho do ocre como cosméticos, utilizando-o para pintar seus lábios e bochechas, além de usar hena para tingir as unhas e os cabelos. Contudo o vermelho também poderia expressar um significado ruim, sendo referido também ao calor, a maldade e a destruição.

Em diversos países, como Egito, China e Índia, desde a antiguidade o vermelho é extraído da planta Rubia conhecida como a planta mais louca, utilizado para fazer pinturas em cerâmica.  Na China antiga, assim como os egípcios, eles faziam um corante vermelho extraído da planta mais louca para dar cor aos tecidos de seda com os quais faziam vestidos e usavam pigmentos coloridos com roupas mais furiosas para fazer laca vermelha.

Na América, os primeiros habitantes possuiam seu próprio corante vermelho vivo, feito da cochonilha, um inseto da mesma família dos Kermes da Europa e do Oriente Médio, que se alimenta da Opuntia, ou planta do cacto da pera espinhosa. Têxteis tingidos de vermelho da cultura Paracas (800-100 aC) foram encontrados em túmulos no Peru. O vermelho também apareceu nos enterros da realeza nas cidades-estados maias.

Na Grécia antiga e na civilização minóica da antiga Creta, o vermelho era muito usado em murais e na decoração policromada de templos e palácios. Os gregos começaram a usar chumbo vermelho como pigmento. Na Roma Antiga, a púrpura de Tyrian era da cor do imperador. O vermelho também tinha um importante simbolismo religioso, de modo que os romanos usavam togas com listras vermelhas nos feriados, e a noiva em um casamento usava um xale vermelho, chamado de flammeum. O vermelho era usado para colorir as estátuas e a pele dos gladiadores.

Essa cor também estava associada ao exército, assim os soldados romanos usavam túnicas vermelhas, e os oficiais usavam um manto chamado paludamentum e dependendo das propriedades do corante, variava entre carmesim, escarlate ou púrpura. O vermelho, na mitologia romana, é associado ao deus da guerra, Marte. O vexilóide do Império Romano tinha um fundo vermelho com as letras SPQR em ouro. Um general romano que recebia um triunfo era homenageado com todo o seu corpo sendo pintado de vermelho.

Na Europa pós- clássica com a queda do Império Romano do Ocidente – meados do séc. IV d. C. – o vermelho é instituído como a cor de majestade e autoridade do Império Bizantino, pelos príncipes da Europa e pela Igreja Católica Apostólica Romana. As bandeiras dos imperadores bizantinos eram de tecido vermelho. Carlos magno em demonstração de seu poder em sua coroação utilizou sapatos vermelhos e também pintou todo o seu palácio dessa cor. Posteriormente, Reis príncipes e a partir do ano 1295 os cardeais católicos, passaram a utilizar hábitos de cor vermelha.

O vermelho possuía o significado de status e riqueza, sendo utilizado não so por reis, cardeais e príncipes, mas também por mercadores e artesãos e pessoas da cidade que utilizavam roupas dessa cor, sobretudo em ocasiões especiais e em feriados. Contudo as roupas dessas pessoas eram tingidas com o vermelho das raízes da planta mais louca, a Rubia, o que fazia com que se desbotasse facilmente no sol ou na agua quente. Já os tecidos vermelhos dos ricos e aristocratas eram tingidos com o Kermes, ou acido carmínico extraído de um inseto que viviam em folhas de carvalhos da Europa e ao redor do mediterrâneo. Os insetos eram recolhidos, secos, esmagados e cozidos com ingredientes diferentes em um processo longo e complicado, que produziu um escarlate brilhante.

Além dos pigmentos já citado, havia também o Brasilin, que era outro corante vermelho popular na Idade Média. Vindo da árvore de sapanwood, que cresceu na Índia, Malásia eSri Lanka, era uma árvore semelhante ao pau-brasil, que cresceu na costa da América do Sul. A madeira vermelha foi moída em serragem e misturada com uma solução alcalina para fazer corante e pigmento. Tornou-se uma das exportações mais lucrativas do Novo Mundo, principalmente no Brasil, que recebeu esse nome devido a essa árvore tão lucrativa para Portugal.

Na idade moderna, mais especificamente nos séculos XVI e XVII, as pinturas renascentistas possuíam bastante a cor vermelha, uma vez que os artistas representavam com ela, muitas vezes, o manto e o traje de Jesus Cristo, da virgem Maria ou de algum outro personagem que estivesse representado no centro da pintura, essa ideia era utilizada para atrair os olhares do espectador. Com as grandes navegações, abriram-se as portas para o novo mundo e também para a Ádia e para o Oriente Médio, isso possibilitou a exportação de  novos  pigmentos vermelhos, que eram exportados geralmente através de Veneza, Gênova ou Sevilha, e Marselha. Veneza era o principal depósito de importação e fabricação de pigmentos para artistas e tintureiros do final do século XV.

Contudo logo no início do século 16, um novo vermelho brilhante apareceu na Europa. Quando o conquistador espanhol Hernán Cortés e seus soldados conquistaram o Império Asteca em 1519-21, descobriram um tesouro a mais ao lado de prata e ouro; os astecas possuíam a pequena cochonilha, um inseto de escamas parasitas que vivia de cactos. Esses insetos quando secos e esmagados, liberavam um magnífico tom de vermelho. A cochonilha do México estava intimamente relacionada às variedades Kermes da Europa, porém diferentemente do europeu Kermes, podia ser colhida várias vezes ao ano, e era dez vezes mais forte que os Kermes da Polônia. Funcionou particularmente bem em seda, cetim e outros têxteis de luxo. Em 1523 ocorreu o primeiro carregamento para a Espanha.

Rapidamente a cochonilha começou a surgir em portos europeus a bordo de comboios de galeões espanhóis enviados por Cortés. Contudo, inicialmente, as guildas de tintureiros em Veneza e em outras cidades recusaram e proibiam a cochonilha para proteger seus produtos locais, mas a qualidade superior da tintura de cochonilha tornava impossível resistir. No início do século XVII, o vermelho da cochonilha tornou-se o vermelho de luxo preferido para as roupas de cardeais, banqueiros, cortesãs e aristocratas.

Na Revolução Francesa, os jacobinos e outros partidos mais radicais adotaram a bandeira vermelha; foi tirado de bandeiras vermelhas içadas pelo governo francês para declarar estado de sítio ou emergência. Muitos usavam um gorro vermelho da Frígia, ou boné da liberdade, inspirado nos bonés usados pelos escravos libertos na Roma Antiga. Durante o auge do Reinado do Terror, as mulheres vestindo bonés vermelhos reuniram-se em torno da guilhotina para celebrar as execuções. Elas foram chamadas de “Fúrias da guilhotina”. As guilhotinas usadas durante o Reinado do Terror em 1792 e 1793 eram pintadas de vermelho ou produzidas em madeira vermelha. Durante este reinado, uma estátua de uma mulher denominada liberdade e pintada de vermelho, foi erguida na praça em frente à guilhotina. Após o fim do Reino do Terror, a França voltou ao tricolor azul, branco e vermelho, cujo vermelho foi tirado das cores vermelha e azul da cidade de Paris, e era a cor tradicional de Saint Denis, o mártir cristão e padroeiro de Paris.

Em meados do século XIX, o vermelho apareceu como a cor de um novo movimento político e social, o socialismo. A bandeira vermelha então se torna a bandeira mais comum do movimento operário, da Revolução Francesa de 1848, da Comuna de Paris em 1870 e dos partidos socialistas em toda a Europa.

À medida que a Revolução Industrial se espalhava pela Europa, os químicos e os fabricantes procuravam novos corantes vermelhos que pudessem ser usados para a fabricação em larga escala de têxteis. Uma cor popular importada para a Europa da Turquia e da Índia no século XVIII e início do século 19 era o vermelho da Turquia, conhecido na França como rouge d’Adrinople.

A partir da década de 1740, esse vermelho brilhante foi usado para tingir ou imprimir tecidos de algodão na Inglaterra, na Holanda e na França. O vermelho de peru usava a cordeirada como o corante, mas o processo era mais complicado e extenso, envolvendo a imersão múltipla dos tecidos em soda cáustica, azeite de oliva, esterco de ovelha e outros ingredientes. O tecido era mais caro, porem tinha um resultado vermelho brilhante e duradouro, semelhante ao carmim, perfeitamente adequado ao algodão. Tal tecido foi amplamente exportado da Europa para a África, Oriente Médio e América. Na América do século XIX, foi amplamente usada na fabricação da tradicional colcha de retalhos.

O século XIX também serviu de palco para o uso do vermelho na arte para criar emoções específicas, não apenas para imitar a natureza. Foi neste século que ocorreu o estudo sistemático da teoria das cores e, particularmente, o estudo de como as cores complementares, como vermelho e verde, reforçavam umas às outras quando eram colocadas juntas. Esses estudos foram acompanhados de perto por artistas como Vincent van Gogh. Ao descrever sua pintura, The Night Cafe, para seu irmão Theo em 1888, Van Gogh registrou: Eu tentei expressar com vermelho e verde as terríveis paixões humanas. O salão é vermelho sangue e amarelo pálido, com uma mesa de bilhar verde no centro e quatro lâmpadas de amarelo limão, com raios de laranja e verde. Em todos os lugares é uma batalha e antítese dos mais diferentes vermelhos e verdes.

No final do século 19 e início do século 20, a indústria química alemã criou dois novos pigmentos vermelhos sintéticos: o cádmio vermelho, que era a cor do vermelhão natural, e o vermelho mars, que era um ocre vermelho sintético, a cor do primeiro pigmento vermelho natural. No século 20, o vermelho ainda assim o vermelho era a cor da Revolução; foi a cor da Revolução Bolchevique de 1917 e da Revolução Chinesa de 1949 e, posteriormente, da Revolução Cultural. O vermelho era a cor dos partidos comunistas da Europa Oriental a Cuba e ao Vietnã. Até os dias atuais as bandeiras socialistas e comunistas são representadas pela cor vermelha (e até hoje tais temáticas geram grande polêmica).

Atualmente, a cor vermelha possui diferentes significados: do amor à raiva, da paixão à sedução, também é muito ligada ao proibido e pecaminoso. Muito se diz para que quando se quer chamar atenção, vestir “aquele vestido vermelho”, “aquele sapato vermelho”, ou ainda “aquele batom vermelho”, ou ate mesmo o conjunto da obra (o vestido, o sapato e o batom kkkkk). Por último, até os dias atuais essa cor possui um simbolismo preconceituoso em relação às mulheres, que ao usar objetos de tal cor, como os citados anteriormente são taxadas como vulgares , sendo o vermelho a cor da maçã comida por Eva a qual é o símbolo do pecado.

Espero que gostem! 

quarta-feira, 3 de junho de 2020

O simbolismo da cor rosa nas vestimentas em determinados períodos da história

A cor rosa considerada por muitos “a cor de menina” surgiu na escala de cores no final do século XVII, contudo, já era utilizada muito antes e já era descrita aparecendo em poemas do período da História antiga, para descrever a aurora ou nascer do sol, como por exemplo, na odisseia de Homero escrita aproximadamente em 800 a. C. onde o autor descreve Então, quando a criança da manhã, o amanhecer de dedos rosados apareceu... Seu nome vem de uma flor de mesmo nome, sua cor, varia do vermelho, sendo assim pode-se dizer que o rosa é uma cor vermelha pálida.

Segundo pesquisas feitas no reino unido e nos EUA o rosa está sempre diretamente ligado ao charme, polidez, sensibilidade, ternura, doçura, infância, feminilidade e romântico. Essa cor, quando aparece juntamente ao branco se associa a inocência e a castidade, já se vier acompanhada do preto ou roxo pode associar-se ao erotismo e a sedução.

Na idade media o rosa não era uma cor presente na moda, pois como bem se sabe, o vermelho aquele bem vivo e triunfante – como o carmesim – era o favorito da nobreza nesse período. Contudo o rosa começa a aparecer na moda feminina e nas pinturas religiosas, onde retratava as vestes do menino Jesus, já que a cor está associada ao corpo de Cristo.

Já no século XVIII a cor rosa teve o seu auge nas vestimentas europeias. A idade de ouro da cor rosa foi o período rococó (1720-1777), quando as cores pastel tornaram-se muito na moda, em todas as cortes da Europa. Foi o século em que, como dito antes, Paris havia se tornado a capital da mod. A cor Pink foi defendida por Madame de Pompadour (1721-1764) – amante do rei Luís XV da França(1710-1774), também conhecido como o bem amado – que combinava azul e rosa em suas peças e tinha um tom especial de rosa feito para ela pela fábrica de porcelana Sevres, ao qual era adicionado nuances de azul, preto e amarelo.

Na Inglaterra do século XIX, enfeites e fitas cor de rosa era utilizado por meninos, enquanto que homens utilizavam o vermelho. Em sua grande maioria as roupas infantis do século XIX eram quase sempre brancas já que não havia surgido ainda pigmentos de grande durabilidade, por isso quando se colocava as roupas para lavar em agua quente, elas desbotavam facilmente.

No século seguinte (século XX) a cor rosa tornou-se a mais utilizada e a mais assertiva, em parte isso se deve ao surgimento de corantes químicos com pigmentos que não se desfaziam. Elsa Schiaparelli (1890-1973) designer italiana foi a pioneira na criação da nova onda de rosas estando alinhada com os artistas do movimento surrealista, incluindo Jean Cocteau. Foi ela a criadora da variedade da cor rosa: o famoso Rosa choque criado pela mistura de magenta com uma pequena quantidade de branco. Ela lançou um perfume chamado Shocking, vendido em uma garrafa na forma de um torso de mulher, segundo o modelo de Mae West. Suas modas, co-projetadas com artistas como Cocteau, apresentavam os novos rosas.

Na Alemanha nazista, nas décadas de 1930 e 1940, os prisioneiros dos campos de concentração nazistas acusados de homossexualidade foram forçados a usar um triângulo rosa em seus pijamas listrados para diferencia-los dos demais. Por causa disso, o triângulo rosa tornou-se um símbolo do moderno movimento de luta pelos direitos homossexuais. 1

O rosa passou a ser uma cor sexualmente diferenciadora para as meninas de forma gradual através do processo seletivo do mercado, nas décadas de 1930 e 40. Na década de 1920, alguns grupos descreviam o rosa como uma cor masculina, que equivalia vermelho que era considerado para homens, mas mais leve para meninos – assim como na Inglaterra do século XIX. No entanto o que ocorria era que, o comércio têxtil percebeu que as pessoas optavam cada vez mais por comprar rosa para as meninas e azul para os meninos, assim  isso se tornou uma norma aceita na década de 1940.

Em 1953 durante a posse presidencial dos EUA de Dwight D. Eisenhower, sua esposa, Mamie Eisenhower, usava um vestido rosa, considerado o vestido inaugural do  importante ponto de virada para a associação do rosa como uma cor que se associa diretamente  às meninas. A forte afeição de Mamie pelo rosa levou à associação pública com o rosa a ser uma cor que “mulheres elegantes vestiam”. Outro importante momento que serviu como ponto para associação do rosa ao feminino foi o musical americano Funny Face de 1957.

Em 1973, Sheila Levrant de Bretteville criou “Pink”, um cartaz o qual tinha por objetivo explorar as noções de gênero associadas à cor rosa, para uma exposição do Instituto Americano de Artes Gráficas sobre cor. Esta foi a única entrada sobre a cor rosa. Várias mulheres, incluindo muitas no Workshop Feminista de Estúdio no Woman’s Building, enviaram inscrições para explorar sua associação com a cor.  Bretteville organizou as praças de papel para formar uma “colcha” a partir da qual os cartazes foram impressos e disseminados por toda Los Angeles. Como resultado ela foi frequentemente chamada de “Pinky”.

Durante muito tempo na história, a cor rosa e também a azul, estiveram em debate como a cor de cada gênero. Contudo por época houve quem defendesse que o rosa era a cor dos meninos por ser mais forte e decidido, já o azul era mais delicado e amável, nos dias de hoje defende-se o contrário: azul para meninos e rosa para meninas.

De todo modo percebe-se uma dinâmica de cunho machista mudando apenas a paleta de cores, isso se deve ao fato de que seja no rosa ou no azul ou em qualquer outra cor, sempre se defende que o menino deve usar uma cor forte, decidida, vigorosa, para afirmar a masculinidade e a menina deve usar uma cor amável, leve, para que se afirme sua feminilidade.  Para finalizar, fica aqui registrado que homem ou mulher, menino ou menina, crianças ou adultos, todos somos livres para usar a cor e a roupa que quisermos livres de preconceitos, tabus, paradigmas e padrões impostos pela nossa sociedade.

Espero que tenham gostado e até a próxima!

sexta-feira, 29 de maio de 2020

A cor preta e o seu simbolismo presente nas vestimentas em determinados momentos da história

Como se sabe a cor preta é resultado da ausência e absorção de luz e por sua vez está sempre em contraste com o branco. Desde muito tempo o preto é relacionado com a ideia do obscuro; escuridão; o mal; as trevas, assim contrastando com o branco que representa a luz, a paz, contudo tem os seus momentos de “brilho” dentro da sociedade, sendo utilizado para demarcar hierarquias e posições sociais entre outros, através de uso de vestimentas e utensílios.  
Pode-se dizer que o preto é um dos pigmentos mais antigos que existem. Extraído primeiramente do carvão ou ossos queimados e depois ainda do pó de oxido manganês, foi muito utilizado pelos povos paleolíticos em pinturas nas cavernas. No Egito antigo simbolizava a cor da fertilidade, a cor do rico solo negro, era ainda a cor de Anubis – o deus do submundo- que teria aparecido em forma de um chacal negro e ofereceu proteção contra o mal e os mortos.
Na antiga Grécia também representava a cor do submundo, cujo deus era Hades que em seu reino ficava sentado em um trono de ébano negro. O submundo na visão grega era separado do mundo dos vivos pelo rio Aqueronte, o qual a água era negra. Aqueles que cometeram os piores pecados foram enviados para o Tártaro, o nível mais profundo e mais escuro.
Já no antigo Império Romano, na hierarquia social, o preto era utilizado nas vestimentas dos artesãos – O roxo era reservado ao Imperador; o vermelho aos soldados e o branco aos sacerdotes – contudo não era um preto rico, profundo, de cor forte e sim uma cor de fácil desbotamento já que os pigmentos vegetais da época não eram duradouros. Ainda na Roma antiga, o preto representava o luto, sendo, no século II a.C., utilizado pelos magistrados romanos, que usavam uma toga escura, chamada toga pulla, para cerimônias fúnebres. Posteriormente, sob o Império, a família do falecido também usava cores escuras por um longo período; depois de um banquete, para marcar o fim do luto, trocava-se o preto por uma toga branca.
Na idade média, logo de início, a cor preta era associada ao mal, as trevas, as bruxas. Ainda entre os séculos XII e XIII, a cor não possuía muito prestigio quando se tratava de moda, sendo o vermelho a cor mais cobiçada por ser a cor da nobreza. Era utilizada pelos monges como sinal de penitência e humildade. A nobreza em sua maioria utilizava cores vivas e chamativas e o preto raramente aparecia entre as vestimentas dos nobres, com exceção foi o pelo do sable, que era um pelo brilhante e tornou-se a pele mais fina e mais cara Europa. Foi importado de Rússia e Polônia e usado para aparar as vestes e vestidos da realeza. No mundo medieval do Sacro Império Romano da Alemanha, a cor preta simbolizava o sigilo, o mistério e também o poder, por isso era utilizada em seu emblema que era uma águia negra.
Já no século XIV, com a chegada de um pigmento de uma cor profunda e rica, o preto recebeu um novo status. Passou a ser utilizado por Magistrados e funcionários do governo para indicar um sinal da importância e seriedade de suas posições. Além disso, foram aprovadas leis suntuárias em algumas partes da Europa que proibia que roupas caras e certas cores fossem utilizadas por qualquer um, exceto membros da nobreza. Os famosos mantos escarlates brilhantes de Veneza e os tecidos azuis pavão de Florence estavam restritos à nobreza. Em resposta, os ricos banqueiros e mercadores do norte da Itália mudaram para vestes pretas e vestidos, feitos com os tecidos mais caros.
O uso da cor preta, um tom mais austero, mas elegante foi rapidamente notada pelos reis e nobreza, assim, ao longo do século XIV a cor preta tornou-se moda entre a nobreza. Os governantes europeus viam isso como a cor do poder, da dignidade, da humildade e da temperança. No final do século 16, era a cor usada por quase todos os monarcas de Europa e seus tribunais.
No século XVI, com a reforma protestante (1517) o preto passou a ser também a cor adotada pelos lideres protestantes em suas vestimentas. por ser uma cor sóbria. Por sua vez viam a cor vermelha utilizada pelos católicos como a cor do pecado, da luxuria e da loucura humana. Quando ocorre a contra reforma (1545), os líderes católico decidem por adotar o preto sóbrio em suas vestimentas, porem mantendo o colorido nos interiores de suas igrejas, nas pinturas, para atrair os fiéis.
Já no século XVIII, onde a Europa se encontrava na Era do Iluminismo, Paris havia se tornado a capital da moda. Nesse contexto o preto deixou de ser a cor da moda e passam a predominar as cores pastéis, azuis, verdes, amarelos e brancos tornaram-se as cores da nobreza e das classes altas. Mas depois da Revolução Francesa, o preto voltou a ser a cor dominante. Posteriormente no século XIX, o preto é reconhecido como a cor da revolução industrial, inicialmente do carvão e em seguida do petróleo, pois as produções nas fábricas faziam com que as ruas e prédios ficassem tomados pela cor preta. Além disso as vestimentas pretas de boa qualidade tornaram-se acessíveis a população em geral, isso se deve a invenção de corantes pretos sintéticos de baixo custo e a industrialização da indústria têxtil. A cor preta nesse contexto torna-se popular entre as vestimentas de negócios da media e alta classe na Inglaterra, logo depois em todo o continente europeu e na América.
No final do XIX o preto se torna a cor da ideologia do Anarquismo – ideologia que se opõe a toda forma de hierarquia e dominação política, econômica, etc. Já no século XX o preto era a cor do Fascismo italiano, alemão e em outras regiões europeias, utilizado para diferir seus aderentes dos comunistas que utilizavam como cor simbólica o vermelho.
A partir de 1950 a cor preta se torna marcante símbolo de individualidade e rebelião intelectual e social, a cor dos que não aceitavam normas e valores estabelecidos. Jaquetas de couro pretas eram usadas por gangues de motociclistas, como os Hells Angels e gangues de rua nas margens da sociedade. Estados Unidos, representando a cor de rebeldia e sendo celebrada em filmes como O Selvagem, com Marlon Brando. No final do século XX, o preto se torna a simbologia da subcultura punk do punk e a subcultura gótica – que surgiu na Inglaterra nos anos 80 e inspirou-se nas vestimentas de luto da era vitoriana.
Ainda na década de 90, as vestimentas pretas dos homens de negócio cedem espaço ao azul marinho e os vestidos de noite pretos e vestidos formais eram cada vez menos utilizados. Em 1926 a moda feminina é revolucionada e simplificada por Coco Chanel, quando o mesmo publica pela revista Vogue o desenho de um vestido preto usual e diz “Uma mulher precisa de apenas três coisas: um vestido preto, um suéter preto e, no braço, um homem que ela ama”. Chanel lançou a tendência do pequeno vestido preto que foi e outros designers contribuíram para a fama do look. Nas palavras do designer italiano Gianni Versace: “O preto é a quintessência da simplicidade e elegância”, já para o francês Yves Saint Laurent: “o preto é a ligação que liga arte e moda”.
O look simplista do vestido preto ganhou grande notoriedade com um dos vestidos pretos mais famosos do século XX, o vestido preto – simples, porém glamoroso – projetado por Hubert de Givenchy exclusivamente para o filme Breakfast at Tiffany’s. (Bonequinha de Luxo) e usado nas telinhas por Audrey Hepburn. O filme se passa na década de 60 – foi no Brasil lançado em 1961 – onde o preto não era uma escolha tão óbvia entre as mulheres no geral. O contexto histórico era 16 anos pós segunda guerra mundial e as mulheres que trabalharam na guerra, haviam voltado para o lar e serem donas de casa, então o estilo floral mais feminino se tornaram tendência dando lugar ao estilo mais prático como os utilizados na guerra.
Assim a cor preta, nesse contexto simbolizava o luto, porem também mulheres fortes, independentes e sedutoras, como a personagem de Audrey, Holly, que era uma garota de programa. Ali o preto tinha como objetivo demonstrar o estilo de vida da personagem, que era um tanto quanto desvirtuoso, O preto nesse sentido aparece em diferentes looks de Holly, pois é uma cor versátil que não precisa de muitos cuidados, além disso é uma cor pra quem dispõe de poucos recursos e é (até os dias de hoje) a cor  básica para quem não entende de moda (como a personagem, que era originalmente uma “caipira”) e assim não errar no look.
Seus looks eram montados especificamente para mostrar seu estilo extrovertido, descolado, legal, espontâneo, sensual, mas nunca promiscuo, pois apesar de ser uma garota de programa o assunto foi tratado no filme com muita cautela, como exigia a época  e foi tratado com êxito já que o filme foi um sucesso.  Nos dias atuais o preto se encontra no guarda-roupa da maioria das pessoas, entre homens e mulheres, entre peças simples e mais sofisticadas sempre pronto para dar aquele up no visual e claro, sendo a cor chave para quem não quer errar no look.
Espero que tenham gostado!

Fontes: https://bit.ly/2XehH3z
             https://bit.ly/2Xg8QPe