quarta-feira, 3 de junho de 2020

O simbolismo da cor rosa nas vestimentas em determinados períodos da história

A cor rosa considerada por muitos “a cor de menina” surgiu na escala de cores no final do século XVII, contudo, já era utilizada muito antes e já era descrita aparecendo em poemas do período da História antiga, para descrever a aurora ou nascer do sol, como por exemplo, na odisseia de Homero escrita aproximadamente em 800 a. C. onde o autor descreve Então, quando a criança da manhã, o amanhecer de dedos rosados apareceu... Seu nome vem de uma flor de mesmo nome, sua cor, varia do vermelho, sendo assim pode-se dizer que o rosa é uma cor vermelha pálida.

Segundo pesquisas feitas no reino unido e nos EUA o rosa está sempre diretamente ligado ao charme, polidez, sensibilidade, ternura, doçura, infância, feminilidade e romântico. Essa cor, quando aparece juntamente ao branco se associa a inocência e a castidade, já se vier acompanhada do preto ou roxo pode associar-se ao erotismo e a sedução.

Na idade media o rosa não era uma cor presente na moda, pois como bem se sabe, o vermelho aquele bem vivo e triunfante – como o carmesim – era o favorito da nobreza nesse período. Contudo o rosa começa a aparecer na moda feminina e nas pinturas religiosas, onde retratava as vestes do menino Jesus, já que a cor está associada ao corpo de Cristo.

Já no século XVIII a cor rosa teve o seu auge nas vestimentas europeias. A idade de ouro da cor rosa foi o período rococó (1720-1777), quando as cores pastel tornaram-se muito na moda, em todas as cortes da Europa. Foi o século em que, como dito antes, Paris havia se tornado a capital da mod. A cor Pink foi defendida por Madame de Pompadour (1721-1764) – amante do rei Luís XV da França(1710-1774), também conhecido como o bem amado – que combinava azul e rosa em suas peças e tinha um tom especial de rosa feito para ela pela fábrica de porcelana Sevres, ao qual era adicionado nuances de azul, preto e amarelo.

Na Inglaterra do século XIX, enfeites e fitas cor de rosa era utilizado por meninos, enquanto que homens utilizavam o vermelho. Em sua grande maioria as roupas infantis do século XIX eram quase sempre brancas já que não havia surgido ainda pigmentos de grande durabilidade, por isso quando se colocava as roupas para lavar em agua quente, elas desbotavam facilmente.

No século seguinte (século XX) a cor rosa tornou-se a mais utilizada e a mais assertiva, em parte isso se deve ao surgimento de corantes químicos com pigmentos que não se desfaziam. Elsa Schiaparelli (1890-1973) designer italiana foi a pioneira na criação da nova onda de rosas estando alinhada com os artistas do movimento surrealista, incluindo Jean Cocteau. Foi ela a criadora da variedade da cor rosa: o famoso Rosa choque criado pela mistura de magenta com uma pequena quantidade de branco. Ela lançou um perfume chamado Shocking, vendido em uma garrafa na forma de um torso de mulher, segundo o modelo de Mae West. Suas modas, co-projetadas com artistas como Cocteau, apresentavam os novos rosas.

Na Alemanha nazista, nas décadas de 1930 e 1940, os prisioneiros dos campos de concentração nazistas acusados de homossexualidade foram forçados a usar um triângulo rosa em seus pijamas listrados para diferencia-los dos demais. Por causa disso, o triângulo rosa tornou-se um símbolo do moderno movimento de luta pelos direitos homossexuais. 1

O rosa passou a ser uma cor sexualmente diferenciadora para as meninas de forma gradual através do processo seletivo do mercado, nas décadas de 1930 e 40. Na década de 1920, alguns grupos descreviam o rosa como uma cor masculina, que equivalia vermelho que era considerado para homens, mas mais leve para meninos – assim como na Inglaterra do século XIX. No entanto o que ocorria era que, o comércio têxtil percebeu que as pessoas optavam cada vez mais por comprar rosa para as meninas e azul para os meninos, assim  isso se tornou uma norma aceita na década de 1940.

Em 1953 durante a posse presidencial dos EUA de Dwight D. Eisenhower, sua esposa, Mamie Eisenhower, usava um vestido rosa, considerado o vestido inaugural do  importante ponto de virada para a associação do rosa como uma cor que se associa diretamente  às meninas. A forte afeição de Mamie pelo rosa levou à associação pública com o rosa a ser uma cor que “mulheres elegantes vestiam”. Outro importante momento que serviu como ponto para associação do rosa ao feminino foi o musical americano Funny Face de 1957.

Em 1973, Sheila Levrant de Bretteville criou “Pink”, um cartaz o qual tinha por objetivo explorar as noções de gênero associadas à cor rosa, para uma exposição do Instituto Americano de Artes Gráficas sobre cor. Esta foi a única entrada sobre a cor rosa. Várias mulheres, incluindo muitas no Workshop Feminista de Estúdio no Woman’s Building, enviaram inscrições para explorar sua associação com a cor.  Bretteville organizou as praças de papel para formar uma “colcha” a partir da qual os cartazes foram impressos e disseminados por toda Los Angeles. Como resultado ela foi frequentemente chamada de “Pinky”.

Durante muito tempo na história, a cor rosa e também a azul, estiveram em debate como a cor de cada gênero. Contudo por época houve quem defendesse que o rosa era a cor dos meninos por ser mais forte e decidido, já o azul era mais delicado e amável, nos dias de hoje defende-se o contrário: azul para meninos e rosa para meninas.

De todo modo percebe-se uma dinâmica de cunho machista mudando apenas a paleta de cores, isso se deve ao fato de que seja no rosa ou no azul ou em qualquer outra cor, sempre se defende que o menino deve usar uma cor forte, decidida, vigorosa, para afirmar a masculinidade e a menina deve usar uma cor amável, leve, para que se afirme sua feminilidade.  Para finalizar, fica aqui registrado que homem ou mulher, menino ou menina, crianças ou adultos, todos somos livres para usar a cor e a roupa que quisermos livres de preconceitos, tabus, paradigmas e padrões impostos pela nossa sociedade.

Espero que tenham gostado e até a próxima!

¹ Ler: SETTERINGTON, Ken. Marcados pelo triangulo rosa. Melhoramentos, 1ª ed. 2017, 136 pp.

Fonte: https://bit.ly/2Ms4L40 

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